A obra que desconstrói mitos sobre pureza racial e revela as raízes mestiças das famílias sertanejas entre os séculos XVIII e XIX.
“Outras famílias do Seridó: genealogias mestiças nos sertões do Rio Grande do Norte (séculos XVIII-XIX)” é um livro essencial para quem busca compreender a complexidade da formação social no sertão nordestino. Fugindo da narrativa tradicional que exaltava apenas as famílias “brancas e nobres”, a autora (ou autor) mergulha em documentos esquecidos para revelar as linhagens invisibilizada, especialmente aquelas marcadas pela mestiçagem, pela marginalização e pela resistência.
📜 O que o livro traz de novo?
Com base em registros paroquiais, inventários, testamentos, correspondências e fontes judiciais, a obra resgata histórias de famílias pardas, negras, indígenas e livres que ocuparam o Seridó entre os séculos XVIII e XIX. Essas famílias, embora socialmente excluídas por muito tempo, foram fundamentais na formação econômica, social e até política da região.
O livro questiona o mito da “homogeneidade branca” do sertanejo antigo e propõe uma genealogia mais realista, inclusiva e crítica.
🧬 Genealogia como ferramenta de revelação
Mais do que uma pesquisa sobre ascendência, a genealogia aqui é usada como instrumento de análise histórica e social. Ao traçar os vínculos familiares de populações consideradas “de cor”, o livro mostra como elas participaram ativamente da construção dos sertões, mesmo enfrentando as barreiras do preconceito e da classificação racial imposta pela sociedade colonial e imperial.
🌾 Sertão plural, identidades múltiplas
A narrativa nos apresenta um sertão longe da imagem estereotipada. Em vez disso, revela um território onde conviviam vaqueiros, lavradores, mães solteiras, ex-escravizados e pequenos proprietários de terra — muitos deles ligados por laços de sangue a famílias ditas “tradicionais”. O livro mostra como essas relações desafiam os critérios excludentes que marcaram os estudos genealógicos por séculos.
⭐ Conclusão
“Outras famílias do Seridó” é uma leitura corajosa e necessária para repensar a história do povo nordestino. Ao dar voz aos que foram apagados dos livros de família, a obra convida genealogistas, historiadores e leitores em geral a repensar o que consideramos “origem”, “tradição” e “herança”.
📖 Mais que um livro sobre o passado, é um convite a enxergar o Brasil como ele realmente foi — e é.